Sempre gostei de situações inusitadas com pessoas desconhecidas. Mas, conversar com elas nunca foi o meu forte. Portanto, quando eu passo mais de 20 minutos conversando
Ficar sozinha durante muito tempo também não faz muito o meu estilo, ainda mais quando preciso esperar quase 2h sentada no corredor da faculdade. Talvez esse tenha sido o motivo do que aconteceu essa semana. Às vezes, é fato, tudo conspira para que esse tipo de coisa aconteça. E, provavelmente, não foi a toa que naquele dia minhas aulas tenham terminado 1h30 antes do horário normal.
Como era o único dia da semana em que tenho carona de volta para casa, sentei-me a fim de esperar. Não havia levado nenhum livro e ninguém conhecido e querido o suficiente estava à vista.
Fiquei preocupada.
Teria que arrumar algo para fazer.
Abri meu caderno e comecei a escrever uma música que estava na minha cabeça. Sentada com as pernas cruzadas, as pessoas que passavam pelo corredor sempre olhavam para mim ali. Certamente, a cena deveria ser o cúmulo da falta de amigos ideal da solidão.
Uma garota sentada, sozinha, escrevendo algo em seu caderno. Daria uma boa foto, pelo menos (mentira).
Comecei a notar uma movimentação diferente. Apesar de parecer inerte, eu quase nunca consigo me desligar completamente do mundo à minha volta. Vi um garoto encarando a porta do laboratório de fotografia. Ele olhou pra mim e perguntou se eu estudava ali, ao que respondi que sim. A próxima pergunta era se a pessoa responsável pelo empréstimo das máquinas voltaria logo.
Dei uma risadinha antes de responder. Afinal, encontrar os funcionários na faculdade é algo totalmente impossível extraordinário. Ainda mais no laboratório de fotografia.
Respondi que não saberia dizer, já que os horários são meio não cumpridos diferentes ali. A resposta pareceu satisfatória, já que ele se despediu e foi embora.
Passei mais alguns minutos pensando e alguns colegas compadecidos pela minha solidão trocaram algumas palavras comigo.
O mesmo garoto, então, retornou.
Dessa vez com um pacote de amendoim na mão (eco).
Olhou para a porta ainda trancada.
Fiquei observando a cara de desapontamento que ele fez (como se tivesse esperado 1 semana para voltar ao mesmo lugar). "Será que vai abrir hoje?", foi o que ele disse. Ri novamente e disse que, provavelmente, não. A funcionária certamente já teria saído para o almoço.
Agora era indignação o que estampava seu rosto. "Já são quinze pras onze, né", eu observei. Ele se sentou ao meu lado e começamos a conversar. Primeiro o que ele fazia ali e porque precisava tanto de uma máquina. Conversamos por quase 30 minutos. Se alguém passasse por ali, acharia que éramos velhos conhecidos. Apesar de só descobrirmos nossos nomes no final da conversa quando, desapontado, ele se levantava para ir embora, definitivamente.
"-Qual é mesmo o seu nome?
- Juliana.
[...]
- E o seu?
- Lucas."
Isso foi o que mais me chocou.
-beijocomenta;*