16 setembro, 2011

Cartas #4
















Quando foi que eu dei permissão para que você entrasse em minha vida. Nem me lembro do dia em que o conheci. Só de vê-lo ali, de repente, ocupando um espaço que não havia concedido. Parte que se tornou tão desproporcionalmente grande que fugiu à minha compreensão. De repente, você estava lá e sabia de tudo.

Quem é você para ocupar qualquer um dos meus pensamentos?
Quem é você para inflar seu ego às custas das minhas palavras tão custosas?
Quem é você para dar essa importância tão desnecessária à sua própria presença fora ou dentro da minha realidade?

Como se eu desse alguma importância ao fato de você aparecer ou desaparecer.

Desde quando você acha tão fácil assim ler as minhas entrelinhas? Logo, você que é o maestro da obscuridade e do ocaso. Suas palavras conquistadoras demais nunca soaram verdadeiras; encantamento não faz bem o meu estilo e você sabe. Foi por isso que decidiu invadir meu espaço e nos obrigar àqueles encontros constrangidos e pouco produtivos? Você sempre foi um caçador, tomando-me como um desafio, uma presa. Esquece-se, querido, que sou mais como uma leoa vestida de ovelha e que arreganho os dentes e garras sempre que um tolo como você se aproxima crendo estar arrebatando algum animalzinho inerme. Depois desapontou-se tão profundamente que se retirou como a sombra foge da luz. Eu só pude rir; talvez de desespero em saber que nunca existira ninguém capaz de me propor desafio tão equilibrado. Você quase conseguiu, confesso. Sua desistência foi atestado de incompetência para mim e a frustração, por acreditar que alguém jogava minhas próprias cartas, desestimulante. Mas, eis que você surge novamente, alertando-me.

Tenho vontade de rir toda as vezes que ouço notícias suas, meu bem.

-beijoseselos;*

p.s: A série Cartas Lacradas é composta por textos fictícios e antigos (a não ser a 3ª).

4 comentários:

tony disse...

um olhar mais leve diria que quem desdenha quer comprar. Até como você disse uma vez, e fica implicito nesse texto [mesmo os ficcionais acabam lançando um pedaço nosso pra quem prestenção...] : nada incomoda mais que o quase. Bacana :)

calaboca \\ acho que meu termo repetitivo que atravessou fases foi o putz, e na escrita as reticencias para elucidar as quebras de pensamento. Também precisaria de alguem para me contar qual era ele...

óóóótimo fim de semana, bjo! :)

Maíra disse...

ahh, que texto lindo *---*
mas confesso que concordo com o Tony, todos os fictícios tem um pedaço do real ;D Nem sempre o amor ou a paixão pede licença para entrar, eles vão entrando, sem falar nada e do nada já tomou conta da casa inteira ;x

ótimo final de semana ;D
beijos :*

Say disse...

Ju, tá bom de vc lançar um livro heim, mto bom o trecho de Cartas Lacradas (adorei o título tb)
Bjus =]*******

Anônimo disse...

concordo com a Say, você arrasa nas palavras Jú! Fico aqui só admirando...
Bjoks flor

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